Diversos fatores influenciam, direta ou indiretamente, as negociações de imóveis em uma determinada região.
O preço, naturalmente, é o principal deles e pode ser afetado por um fenômeno conhecido como especulação imobiliária.
Este tópico é amplamente debatido no mercado imobiliário, tanto por corretores quanto por pessoas interessadas em comprar, alugar ou investir. Afinal, é uma prática que pode gerar grandes lucros.
Se você atua no setor de imóveis e quer entender como a especulação imobiliária afeta o mercado, confira este artigo.
Vamos explicar o que é essa prática e quais são as consequências positivas e negativas.
O que é especulação imobiliária?
Especulação imobiliária é um investimento em um imóvel – rural ou urbano – na expectativa de que a propriedade ou a região sejam valorizados ao longo do tempo, gerando lucro.
Essa prática pode ser arriscada, pois se baseia apenas nas tendências do mercado, sem garantias de que a valorização realmente ocorrerá.
Funciona assim:
Imagine que João está em busca de uma nova oportunidade de investimento. Ao saber que um determinado bairro da sua cidade receberá uma nova praça e uma escola, ele supõe que isso irá atrair mais pessoas para morar ali.
Com base nessa intuição, João compra um imóvel — seja uma casa, um apartamento ou um terreno — nesse bairro.
A expectativa dele é que a nova infraestrutura valorize sua propriedade e ele possa obter lucro com a venda no futuro.
Um ano depois, João consegue vender o imóvel por um preço superior ao que pagou, provando que sua suposição estava correta.
Agora, imagine que João compra vários prédios, ou que outras pessoas também percebem essa possível tendência no mercado e fazem investimentos semelhantes. Isso resultaria em uma escassez artificial de propriedades na área.
Com a alta demanda, os preços dos imóveis na região acabariam subindo. Isso é especulação imobiliária.
Especulação imobiliária no Brasil
No Brasil, não há uma lei específica que trate da especulação imobiliária, mas a legislação aborda o uso de imóveis.
O Estatuto da Cidade (Lei n° 10.257/2001) regula “o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental”.
O Código enfatiza a importância do planejamento urbano para organizar o crescimento e desenvolvimento das cidades. O objetivo é evitar problemas associados ao crescimento desordenado e minimizar os impactos negativos sobre o meio ambiente.
O que aumenta o valor de um imóvel?
Vários fatores podem resultar no encarecimento de um imóvel. Além da localização e da infraestrutura da propriedade, os seguintes aspectos também podem influenciar um aumento no preço:
Aumento da demanda/ escassez de imóveis
A lei da oferta e da procura é bastante evidente no mercado imobiliário. Se não há, ou aparenta não haver, imóveis suficientes para suprir a demanda de novos compradores ou inquilinos, o preço tende a subir.
A escassez pode ser causada por diversos fatores. Entre eles estão os fatores econômicos e mudanças nas preferências dos consumidores.
Além disso, a ação dos próprios especuladores que mantêm terrenos sem uso por longos períodos também pode criar uma escassez artificial.
Melhorias na infraestrutura do próprio bairro ou de áreas adjacentes
O investimento público em infraestrutura pode tornar uma região mais atrativa e, consequentemente, mais cara.
Melhorias na rede de transportes, a criação de serviços essenciais (como escolas e hospitais), a pavimentação das ruas e outros fatores contribuem para a valorização dos terrenos do bairro.
A segurança também influencia diretamente no aumento dos preços. Esse aspecto inclui tanto a preservação dos próprios bens quanto a sensação de bem-estar.
Expansão da cidade
O crescimento populacional em uma região gera uma demanda por novas moradias. Isso leva a comunidade e os governos a direcionarem seus olhares para áreas antes pouco habitadas com objetivo de construir residências e oferecer serviços essenciais.
Geralmente, essas são áreas muito buscadas por especuladores, que aproveitam para investir quando os ainda baixos, esperando por uma mudança de tendências de compras.
Vantagens e riscos da especulação imobiliária para o mercado
A especulação imobiliária é muito comum, especialmente, em um país em crescimento urbano, como o Brasil. Mas, apesar disso, ela é uma aposta no potencial de valorização, sem nenhuma segurança de retorno.
Além disso, a prática causa vários efeitos – tanto positivos quanto negativos – no mercado imobiliário das cidades.
Vantagens
O principal benefício da especulação imobiliária é o lucro potencial que o especulador pode alcançar. Nesse caso, a vantagem é individual, não coletiva.
Outras vantagens incluem:
- Possível investimento em infraestrutura: a expectativa de valorização pode atrair o interesse de investidores – públicos e privados –, que veem potencial de retorno em projetos de desenvolvimento;
- Estimula a habitação de regiões menos povoadas: a aquisição de imóveis por especuladores em momentos estratégicos pode elevar o interesse pela região. Isso atrai novos investidores e, consequentemente, moradores;
- Aumento da atividade econômica: o investimento em imóveis pode estimular a economia local, gerando empregos e incentivando o desenvolvimento de infraestrutura.
Riscos
A especulação imobiliária é uma prática arriscada, pois é baseada em especulações e expectativas que podem não se concretizar.
Quando isso acontece, o investidor pode deixar de ganhar mais dinheiro.
No entanto, se a especulação for bem-sucedida, pode ter consequências negativas para a cidade.
Um dos principais efeitos da especulação imobiliária é o aumento do preço do metro quadrado na região. Isso dificulta o acesso à habitação, fazendo com que as pessoas precisem se mudar para áreas mais acessíveis.
Como resultado, elas podem ter que se deslocar maiores distâncias para chegar ao trabalho ou às escolas.
Esse fenômeno imobiliário também pode acarretar outros problemas, como:
- Gentrificação: é o processo de transformação de um bairro com a chegada de novos moradores de maior poder aquisitivo. Como resultado, a população de renda mais baixa é frequentemente forçada a deixar a área em busca de regiões mais acessíveis, gerando uma segregação entre diferentes classes sociais;
- Aumento no custo de vida: a especulação imobiliária pode criar um ciclo de aumento nos preços de compra e aluguel de imóveis, além de impactar o custo de outros serviços. Como consequência, torna-se mais difícil para inquilinos de baixa e média renda manterem suas moradias;
- Formação de bairros especializados: ocorre quando a área passa a ser usada apenas para um determinado fim, seja comercial, cultural, residencial, etc. Isso eleva o preço das propriedades e reforça o ciclo de especulação na região.
O papel do corretor na especulação imobiliária
É essencial que você, como corretor de imóveis, esteja sempre atento às tendências da especulação imobiliária. Assim, poderá orientar seus clientes sobre os riscos associados a essa prática.
Por exemplo, se a melhor oportunidade de investimento estiver em uma área com potencial de gentrificação, é fundamental destacar os possíveis impactos da compra.
Isso vai permitir que o cliente tome decisões informadas e conscientes, alinhando suas expectativas aos riscos e oportunidades do mercado.
Além disso, é fundamental que você os ajude a entender os aspectos legais envolvidos na compra e venda de imóveis. Essa orientação é crucial para evitar problemas com a justiça no futuro.
Se você quer sempre estar por dentro do que acontece no mercado imobiliário, acompanhe nosso blog! Trazemos conteúdos com dicas, atualizações do mercado imobiliário e informações valiosas que podem ajudar você a se destacar na profissão.